A COP que deixou o discurso e enfrentou a realidade global
Belém supera desafios e mostra maturidade ao sediar a conferência mais importante da década.
COP-30: A Importância da Participação da Sociedade Civil
A COP-30 trouxe de volta a força da sociedade civil ao processo climático, algo que parecia perdido em edições anteriores realizadas em países autoritários. Belém se transformou em um espaço de diálogo, onde a Marcha dos Povos e a presença de milhares de indígenas destacaram a importância da participação de quem vive e protege os territórios. A interação entre o presidente da COP, André Corrêa do Lago, e o povo Munduruku simbolizou esse reencontro entre a política e a realidade das ruas.
Avanços e Desafios da Conferência em Belém
Além de seu simbolismo, a conferência em Belém marcou o início de uma fase de implementação. A Decisão Mutirão sintetizou avanços, evitando retrocessos, mas gerou frustrações ao não incluir um plano claro para a transição dos combustíveis fósseis. Paradoxalmente, isso abriu espaço para que o Brasil lidere, em 2026, dois roadmaps: um focado na transição energética e outro no combate ao desmatamento, com o apoio de quase cem países.
O maior impulso político da COP veio do movimento global pelo fim dos combustíveis fósseis, que saiu da conferência com um encontro agendado para abril na Colômbia. Em termos de financiamento, a conferência apresentou metas significativas, como a triplicação do apoio dos países ricos à adaptação climática dos países mais vulneráveis até 2035, embora ainda faltem clarezas sobre recursos e responsabilidades.
A Conexão entre Ciência e Política
A ciência ganhou um papel central na COP-30, com a criação do primeiro Pavilhão de Ciências Planetárias, que aproximou pesquisadores e negociadores. Essa iniciativa visa fornecer evidências para decisões diplomáticas e preparar a criação de um painel científico que orientará a transição energética e o futuro fórum global na Colômbia. Essa conexão entre ciência e política foi um dos aspectos mais promissores do evento.
Inovações e Oportunidades na Bioeconomia
Embora a diplomacia tenha avançado menos do que o esperado, a agenda de soluções progrediu, com a bioeconomia sendo oficialmente reconhecida na UNFCCC. O Parque de Bioeconomia de Belém se tornou um exemplo de inovação, e novos investimentos de bancos multilaterais ressaltaram a necessidade de capital para a implementação das iniciativas climáticas.
Conclusão: Caminhos para o Futuro
Belém enfrentou desafios, mas demonstrou maturidade ao sediar uma das conferências climáticas mais importantes da década. Embora não tenha resolvido todos os problemas, a COP-30 abriu caminhos concretos para 2026, preservou o Acordo de Paris e destacou a urgência de reformar o regime climático. O balanço é de um otimismo responsável: avançamos menos do que desejávamos, mas mais do que parecia viável, e o ano de liderança brasileira será crucial para mostrar que é possível construir uma transição justa que respeite tanto a floresta quanto as pessoas.
Fonte por: Estadao
Autor(a):
Redação
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