Acordo EUA-China sobre soja gera preocupações, mas também oportunidades

Produtores brasileiros acreditam que interação entre as duas maiores potências econômicas pode impulsionar preços da commodity.

31/10/2025 3:45

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(Imagem de reprodução da internet).

Acordo Comercial entre EUA e China Gera Preocupação entre Produtores Brasileiros

O recente acordo comercial entre os Estados Unidos e a China, que prevê a compra de até 25 milhões de toneladas de soja americana anualmente, levantou preocupações entre os produtores brasileiros. Especialistas acreditam que essa movimentação pode também criar oportunidades de valorização para a commodity.

As tarifas impostas pelo governo Trump resultaram na suspensão das compras de soja americana pela China em maio, deixando os agricultores dos EUA com bilhões de dólares em safras não vendidas. Nesse contexto, entre maio e outubro deste ano, o Brasil exportou aproximadamente 21,2 milhões de toneladas de soja para a China, com um aumento significativo de 37,5% em maio em comparação ao mesmo período do ano anterior, conforme dados da Administração Geral de Alfândegas da China.

Impactos do Acordo nas Exportações Brasileiras

André Nassar, presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), destaca que a situação reflete os efeitos da guerra tarifária entre Brasil e EUA, posicionando o Brasil como o maior fornecedor de soja para a China. Durante o impasse comercial, as vendas brasileiras aumentaram, com uma previsão de crescimento de 16% nas exportações de soja para a China até 2025.

O acordo entre os EUA e a China estipula o envio de 12 milhões de toneladas de soja até janeiro de 2026, com um total de 25 milhões de toneladas por ano até 2028. Apesar das preocupações com a reabilitação de um concorrente direto, Maurício Buffon, presidente da Aprosoja Brasil, acredita que o acordo pode levar a um aumento nos preços, beneficiando os produtores brasileiros.

Reação do Mercado e Expectativas Futuras

Após o anúncio do acordo, os preços dos contratos futuros na Bolsa de Chicago apresentaram uma alta de 1,14%, após um período de baixa que pressionava os valores no Brasil. A janela de negociação da China coincide com a colheita nos EUA, que possuem altos estoques, enquanto a safra brasileira começará a ser colhida apenas em fevereiro de 2026.

Samuel Isaak, especialista em commodities agrícolas da XP, observa que, embora haja uma força momentânea no mercado, o cenário para o próximo ano parece favorável para o Brasil. Ele ressalta que os 12 milhões de toneladas acordados são suficientes para atender à demanda chinesa até janeiro.

Retorno ao Padrão Anterior de Exportações

O impacto do acordo foi atenuado pela recuperação das exportações de soja dos EUA para a China, que não apresentaram um aumento significativo nos pedidos. O “boicote” da China à soja americana gerou preocupações nos EUA, com um relatório da American Farm Bureau Federation indicando uma queda de quase 78% nas exportações de soja dos EUA para a China entre janeiro e agosto deste ano em comparação ao mesmo período de 2024.

Esse cenário se desenvolve em meio à escalada da guerra tarifária entre as duas economias, com a China estabelecendo tarifas de cerca de 20% sobre a soja americana. Durante os meses de junho, julho e agosto, os EUA praticamente não enviaram soja para a China, e o país asiático não adquiriu soja da nova safra para o próximo ano comercial.

Fonte por: CNN Brasil

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