Agenda de Heleno registra informações sobre espionagem e críticas a Bolsonaro

A Polícia Federal apreendeu informações sobre o acompanhamento de estudantes cubanos e registros de reprovação à administração do ex-presidente.

14/08/2025 18:26

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Agenda de Heleno registra informações sobre espionagem e críticas a Bolsonaro
(Imagem de reprodução da internet).

O ex-ministro do GSI, Augusto Heleno, possui em sua agenda pessoal informações sobre operações confidenciais conduzidas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As anotações, apreendidas pela PF e divulgadas pelo jornal O Globo nesta quinta-feira (14.ago.2025), são parte das provas no processo sobre a tentativa de golpe de Estado que tramita no STF, no qual Heleno é réu.

O documento escrito à mão de 200 páginas trata do acompanhamento de estudantes cubanos na USP (Universidade de São Paulo), além de investigações relacionadas ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e críticas à administração do então presidente durante a pandemia de Covid-19.

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Em 9 de fevereiro de 2020, o general escreveu: “Abin irá investigar o Coaf, coincidindo com o período em que o Órgão produzia relatórios sobre movimentações financeiras atípicas nas contas do então deputado Flávio Bolsonaro – atual senador pelo PL do Rio de Janeiro – nas investigações sobre a ‘rachadinha’.”

Heleno registrou que o presidente deve tomar a vacina e mencionou um “rompo na popularidade” de Bolsonaro. Em avaliação direta, escreveu: “Despreza o vírus. Não tem gestão. Nada está bom”.

Em uma das anotações datadas de 25 de janeiro de 2022, afirmou: “Abin levantando cubanos, infiltrados na USP, para espionagem da área estudantil”.

O ex-ministro mencionou o ex-deputado Vicente Candido (PT), afirmando que ele “é o novo Vaccari”, comparando-o com o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, investigado na operação Lava-Jato.

POLÍCIA FEDERAL

As anotações incluem ainda comentários sobre a Polícia Federal. Em um trecho, Heleno declarou que a PF estava “preparando uma grande sacanagem” — sem especificar a qual se referia.

Em outra oportunidade, argumentou que a corporação deveria estar subordinada ao Presidente da República: “A Polícia Federal é subordinada ao PR. Delegado não pode cumprir diligência que não tem que diligência tem que estar apoiado. Chamado de genocida e não agiu a suspeição. AGIR. (…) Não tem que falar, tem que agir. Ilegalidades estão sendo cometidas.”

Em 2021, a Abin investigou um caso envolvendo Jair Renan (PL-SC), filho do ex-presidente, que recebeu de um grupo empresarial interessado no governo federal um automóvel elétrico no valor de R$ 90.000, juntamente com um parceiro comercial.

Sobre o episódio, Heleno justificou a atuação da agência: “Após notícias da imprensa de que o filho do presidente estava utilizando um veículo cedido por um estranho, apenas apuramos que o referido carro na realidade estava na posse de outra pessoa. Na verdade, o filho do presidente, cuja segurança é de responsabilidade do GSI, nunca utilizou aquele carro. Ele é filho do presidente, portanto é atribuição da Abin verificar um fato”.

A investigação envolvendo Jair Renan foi posteriormente incluída no inquérito da denominada “Abin paralela”, conforme apurações da Polícia Federal. Durante as apurações, a Polícia Militar do Distrito Federal abordou um agente da Abin que estava no estacionamento do ex-sócio comercial do filho do presidente.

Fonte por: Poder 360

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