Amorim afirma que os EUA buscam consolidar a direita na América Latina

Conselheiro presidencial afirma que Trump deseja desestabilizar o Brasil e que há dificuldades em estabelecer contato com os tomadores de decisão.

11/08/2025 23:23

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Amorim afirma que os EUA buscam consolidar a direita na América Latina
(Imagem de reprodução da internet).

O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, declarou na segunda-feira (11.ago.2025) que o aumento das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros é uma combinação de interesses políticos e econômicos que questiona a diplomacia vigente. O principal conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a alta cúpula do governo brasileiro tem enfrentado dificuldades para se comunicar com “quem decide as coisas nos Estados Unidos”.

Os canais permanecem abertos. Estaremos sempre disponíveis para negociações, mas é necessário que ambas as partes estejam dispostas a negociar, declarou ele em entrevista ao programa “Roda Vida”, da TV Cultura. Afirmou que o governo irá agir para defender não apenas a economia brasileira, mas também a dignidade do país. Indicou que não se pode tolerar ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) ou a algum de seus ministros.

Amorim declarou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), combinou política e economia na carta que direcionou a Lula no início de julho, ao anunciar o aumento das tarifas. O assessor acrescentou que não se pode determinar em que medida essa decisão do norte-americano é influenciada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou pelo que alega ser o direito dos americanos de fortalecer a extrema direita na América Latina. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, reside nos Estados Unidos e mantém contato com membros da administração republicana.

Acredito que são ambos os fatores. No entanto, não transferiria toda a responsabilidade a Bolsonaro. Existe o desejo da extrema direita dos EUA, liderado por Steve Bannon, de desestabilizar o Brasil.

Amorim afirmou que é necessário diversificar os mercados e consolidar a integração dos países da América Latina na região, em resposta à nova política internacional dos Estados Unidos.

“Nós não somos o quintal de ninguém, mas para isso temos que diversificar os nossos parceiros. Porque a época da autossuficiência e do protecionismo absoluto não existe mais, então a diversificação é o novo nome da independência”, declarou.

Amorim declarou que é natural que o dólar ceda espaço no mercado internacional em favor do uso de moedas locais. A expansão do emprego de outras moedas em transações internacionais é uma das principais prioridades do Brics, grupo inicialmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. E isso contribuiu para o aumento das tarifas cobradas pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros.

É positivo que venha a acontecer, embora não dependa da vontade dos governantes. A aceitação do dólar como moeda de reserva para todos está ligada ao sistema multilateral. Isso não surgiu do nada, tudo está interligado. Na medida em que esse sistema deixa de existir, é natural que os países procurem outras formas de garantir estabilidade e o progresso do seu comércio, afirmou.

Fonte por: Poder 360

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