‘Apolo’ registra gestação e celebra amor em manifesto familiar brasileiro
Documentário de Tainá Müller e Isis Broken estreia nos cinemas, apresentando um álbum visual que humaniza corpos trans e redefine família.
Documentário “Apolo” aborda a gestação de um casal transgênero
O documentário “Apolo”, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 27, é uma obra que surge da urgência e do afeto. Dirigido por Tainá Müller e Isis Broken, o filme acompanha a gestação de Apolo, filho de Isis e Lourenzo Gabriel, um casal transgênero que enfrentou desafios para garantir um pré-natal adequado em Aracaju. O que poderia ser apenas um registro de denúncia se transforma em uma carta de amor para o futuro.
Desafios enfrentados por um casal transgênero
Tainá Müller recorda que, durante a pandemia, se deparou com a notícia da gravidez de Isis e Lourenzo. O vídeo que anunciava a gestação, gravado à beira de um rio, a tocou profundamente. No entanto, ao ler a reportagem completa, percebeu que Lourenzo, um homem trans, enfrentava dificuldades para obter atendimento pré-natal devido à transfobia. Essa realidade impactou Tainá e a motivou a criar o documentário.
O encontro entre Tainá e Isis foi quase telepático, resultando em uma conversa de três horas que gerou a vontade de documentar a experiência. A ideia de criar um álbum visual para Apolo, com uma trilha sonora original de Plínio Profeta, surgiu como uma forma de expressar essa jornada.
Uma nova perspectiva sobre a experiência trans
Isis destaca a importância de retratar a experiência de um casal transgênero de forma positiva. Ela expressa seu receio de que o documentário pudesse se tornar uma narrativa de tristeza, especialmente considerando que seu filho assistirá ao filme no futuro. A abordagem escolhida trouxe uma estética inovadora e uma alternativa bonita para contar sua história.
Estreia de Tainá na direção de longas-metragens
Com “Apolo”, Tainá faz sua estreia na direção de longas-metragens, embora já tenha experiência como assistente de direção e montagem. Ela compartilha que, ao longo de seus 20 anos como atriz, ganhou confiança para assumir novos papéis na produção cinematográfica. Por sua vez, Isis, artista sergipana, divide a direção com Tainá enquanto vive a história na frente das câmeras, refletindo sobre as particularidades e dificuldades de expor sua família.
Reconhecimento e impacto do documentário
“Apolo” já conquistou o Coelho de Prata de Melhor Longa Nacional no 33º Festival MixBrasil, além de prêmios no Festival do Rio, destacando-se pela humanização de corpos que a sociedade tende a invisibilizar. A narrativa do documentário é marcada por ternura, humor e música, mostrando a dinâmica familiar de Isis e Lourenzo de forma autêntica e divertida.
O filme não apenas retrata a vida de um casal trans, mas também busca impactar a sociedade de maneira mais ampla. Isis observa que a existência de Apolo e do documentário já está mudando realidades, servindo como referência para outros casais trans que buscam visibilidade e aceitação.
Um chamado à transformação social
Isis e Tainá desejam que “Apolo” impacte não apenas a comunidade trans, mas que inspire mudanças na sociedade como um todo. Elas enfatizam a importância de respeitar diferentes modelos familiares, desafiando a normatividade imposta pela política e pela sociedade. O documentário é um convite à reflexão sobre a diversidade familiar e a luta pelos direitos conquistados.
Fonte por: Estadao
Autor(a):
Redação
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