Banco do Brasil registra queda de 60% no lucro e diretor-executivo orienta aquisição de ações
Instituição registrou 20 mil inadimplências no setor agrícola e elevação de 104% nas reservas de risco, contudo, o chefe assegura a robustez da atuação.

O Banco do Brasil obteve lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no segundo trimestre, com queda de 60% em relação ao ano anterior, devido à inadimplência no agronegócio.
A presidente Tarciana Medeiros assegurou que a instituição opera com segurança.
Em coletiva na 6ª feira (15.ago.2025), Medeiros afirmou que a inadimplência recorde no setor agrícola é concentrada em 20 mil clientes, porém não compromete toda a carteira. Desses devedores, 74% nunca haviam apresentado atrasos em pagamentos até dezembro de 2023.
Não se trata de uma questão sistêmica de toda a carteira do agronegócio, são 20 mil clientes e sabemos exatamente quem são.
O aumento da provisão para perdas de crédito foi a razão principal do resultado negativo, que somou R$ 15,9 bilhões no segundo trimestre de 2025, um crescimento de 104% em relação ao ano anterior.
O resultado demonstra o crescimento da inadimplência e a aplicação da Resolução 4.966/2021 do BC, que exige que os bancos constituam provisões para valores considerados como não recebíveis.
Durante o período, a perda estimada foi de R$ 7,9 bilhões no setor agrícola, R$ 4,8 bilhões em pessoas físicas e R$ 4,3 bilhões em pessoas jurídicas.
No setor agro, que corresponde a 33,8% do crédito expandido, a inadimplência com atraso superior a 90 dias atingiu 3,49%. Em relação a pessoas físicas, o índice é de 5,59%.
De um total superior a 600 mil clientes na carteira agropecuária, 20 mil inadimplentes se concentram nas regiões Centro-Oeste e Sul, notadamente nos segmentos de soja, milho e bovinocultura, afirmou a presidente.
Segundo Medeiros, uma parcela dos inadimplentes já plantou em 2025 e está negociando as dívidas, contudo o Banco do Brasil será mais seletivo no crédito para o setor.
A presidente afirmou que diversos clientes não buscaram o banco para renegociar antes de iniciar o pedido judicial — que indica o fim de todas as opções disponíveis.
Medeiros afirmou conhecer parte desses clientes e saber que eles não procuraram o banco para realizar essa renegociação. Nesse espaço jurídico, houve uma tentativa de abuso.
Apesar das perdas mais graves em quase cinco anos, ela antecipa que os resultados permanecerão “preocupantes” no terceiro trimestre, com uma evolução a partir do quarto trimestre, motivada pela margem financeira bruta.
A executiva também negou a existência de componente político na gestão. “O presidente não manifestou nenhuma intenção de mudanças no Banco do Brasil”, afirmou.
Fonte por: Poder 360