Brasil apresenta a maior desigualdade nos direitos de transmissão entre ligas globais

Brasileirão e a Desigualdade na Distribuição dos Direitos de TV

O Campeonato Brasileiro se destaca como a liga mais desequilibrada em relação à distribuição dos direitos de transmissão entre os clubes. Essa situação deve começar a mudar em 2025, com a implementação de novos critérios estabelecidos por Libra e LFU, que visam uma divisão mais justa dos recursos.

Descontentamento do Flamengo com as Novas Regras

Após a troca de presidência no Flamengo, com Luiz Eduardo Baptista assumindo o cargo, o clube expressou publicamente sua insatisfação com as novas diretrizes. Até 2024, o Flamengo contava com uma garantia mínima na receita de pay-per-view, o que lhe conferia uma vantagem significativa sobre os demais clubes. Com as mudanças previstas para 2025, essa garantia será eliminada.

No último ano, a disparidade entre o primeiro e o vigésimo colocado na arrecadação dos direitos de transmissão foi de 7,2 vezes. O Flamengo recebeu R$ 300 milhões, enquanto o Cuiabá arrecadou apenas R$ 41 milhões. A diferença entre o primeiro e o décimo colocado também é notável, com o Flamengo superando o Fluminense em três vezes no que diz respeito à receita televisiva.

Comparativo Internacional da Distribuição de Direitos de TV

Uma análise dos direitos de transmissão em ligas de outros países, como Colômbia, Japão, Chile, França, Itália, Espanha e Inglaterra, revela que o Brasil é o país com a maior desigualdade. A única liga que se aproxima desse desequilíbrio é a Serie A da Itália, onde a Inter de Milão recebe 6,2 vezes mais que o último colocado.

Em contraste, o Chile apresenta um modelo mais equilibrado, com a maioria dos clubes recebendo cotas iguais de 3,4 bilhões de pesos chilenos. Apenas os três grandes, Colo-Colo, Universidad de Chile e Universidad Católica, recebem valores superiores, mas a diferença entre o líder e os demais clubes não ultrapassa 1,5 vez.

Equilíbrio na Liga Inglesa e Considerações Finais

A Premier League da Inglaterra, que gera 3,5 bilhões de euros anualmente, também se destaca pela sua distribuição equilibrada. A diferença entre clubes de meio de tabela, como Manchester City e Crystal Palace, é de apenas 1,3 vez, e de 1,7 vez em relação ao Burnley, o clube que menos arrecadou.

É importante ressaltar que os direitos de transmissão são uma das poucas fontes de receita que podem ser direcionadas para equilibrar a competição. Diferentemente de patrocínios, bilheteiras e vendas de jogadores, que não são divididos de forma equitativa, a distribuição dos direitos de TV pode ser uma ferramenta eficaz para promover uma liga mais justa e competitiva.

Fonte por: Estadao