Candidato afirma que a Bolívia envia para o Brasil quantidade maior de cocaína em comparação com o gás

Jorge “Tuto” Quiroga concorre ao segundo turno da eleição presidencial; considera o acordo UE-Mercosul uma “ilusão”.

20/08/2025 4:37

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O ex-presidente da Bolívia Jorge “Tuto” Quiroga (Aliança Livre, centro-direita), 65 anos, candidato no 2º turno das eleições presidenciais, declarou que busca combater o narcotráfico em cooperação com o Brasil, criticou o acordo que está sendo negociado entre a UE (União Europeia) e o Mercosul e exaltou o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada na terça-feira (19.ago.2025), Quiroga afirmou que o PCC e o Comando Vermelho operam na Bolívia.

“Estamos exportando mais cocaína pelo Brasil do que gás. Isso é preocupante”, afirmou. “Eu quero fazer o 1º acordo com a PF [Polícia Federal] brasileira para que tenhamos escritórios [do órgão] aqui na Bolívia, para cooperar com informação e logística”, disse.

Quiroga afirmou considerar o Brasil como líder da região “pela sua dimensão e pelo impacto que exerce sobre os demais países”, ressaltando que o país “muitas vezes” renunciou a esse papel, como ocorreu no caso da Venezuela, governada por Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda).

O aspirante a cargo afirmou que manterá uma relação de amizade com o Brasil, e considerou Fernando Henrique Cardoso o “maior sul-americano da história da democracia na região”.

Quiroga declarou que o Mercosul o interessa “até certo ponto”. Indicou que considera medidas como a liberação de viagens sem passaporte, a validação de diplomas universitários e a criação de bolsas de intercâmbio, porém, sem “aumento de impostos”.

Ele anunciou que tem a intenção de estabelecer acordos de livre comércio com países da Ásia. Criticou o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

Essaتوافق بین الاتحاد الأوروبي وال Mercosul é uma ilusão, após mais de 25 anos de negociações. Não acredito que trará resultados tão cedo. Por outro lado, não gostaria de vivenciar um protecionismo brasileiro em relação à produção do meu país.

Quiroga argumenta que é necessário abrir mercados: os Estados Unidos para indústrias de manufaturens e têxteis, e a Europa para a castanha amazônica.

Declarou que se propõe a restabelecer investimentos, firmar acordos, iniciar tratados de livre comércio com outros países, estabilizar a economia, interromper a inflação, ampliar a abertura ao mundo.

Ele questionou a administração do ex-presidente boliviano Evo Morales, que liderou o país de 2006 a 2019.

Evo Morales e seus 20 anos de MAS tiveram sorte no início devido ao “boom” das commodities. Era suficiente que Evo abrisse duas válvulas de gás e ele alcançava 23% do PIB em exportações anuais. Eles se comprometeram com o que era necessário para melhorar os gasodutos e isso nos trouxe a má situação financeira que temos hoje.

O primeiro turno da eleição presidencial, ocorrido no dia 17 de agosto de 2025, não definiu um vencedor. Nenhum candidato atingiu os 50% necessários para vencer na primeira votação, nem os 40% com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado. Rodrigo Paz (Partido Democrata Cristão), de 57 anos, e Quiroga se enfrentarão no segundo turno, em 19 de outubro.

Jorge Quiroga

Jorge “Tuto” Quiroga, com 65 anos, nasceu em Cochabamba e possui graduação em engenharia industrial. Ele exerceu a presidência interina da Bolívia (2001-2002) após ter atuado como vice-presidente de 1997 a 2001, no governo de Hugo Banzer.

Concorreu nas eleições de 2005, 2014 e 2020, porém retirou sua candidatura próximo ao período eleitoral. Acredita em um liberalismo conservador, diminuição do déficit fiscal, privatização de empresas públicas deficitárias, comércio livre com os Estados Unidos e a China. Entre suas propostas de campanha, destacam-se a exclusão de impostos sobre dividendos e a geração de 750 mil empregos durante seu governo de cinco anos.

Rodrigo Paz

Rodrigo Paz Pereira é senador e ex-prefeito de Tarija. Filho de Jaime Paz Zamora (1989-1993), desenvolveu sua trajetória política a partir do início dos anos 2000. Possui graduação em relações internacionais com especialização em Economia e completou uma mestrado em gestão política na American University, em Washington D.C.

Sua campanha defende um modelo de capitalismo para todos, com foco na formalização da economia, no combate à corrupção e em reformas institucionais para restringir a reeleição e fortalecer o Judiciário.

Fonte por: Poder 360

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