Liquidação do Banco Master e suas Implicações
A liquidação do Banco Master revela um intrigante fenômeno de conhecimento comum, conforme discutido por Steven Pinker em seu livro “When Everyone Knows that Everyone Knows”. A verdadeira surpresa não foi o desfecho, mas o tempo que levou para que ações necessárias fossem tomadas, mesmo com a consciência coletiva sobre a situação.
Desdobramentos e Investigações
Além das questões policiais que cercam o caso, o Banco Central tem muito a esclarecer. Há várias perguntas sem resposta, como a origem do crescimento acentuado da captação de recursos. Entre 2023 e 2025, o Bradesco viu um aumento de 12,3% em sua captação, enquanto o Banco do Brasil cresceu quase 15% e o Itaú 17,6%. Em contrapartida, o Banco Master teve um aumento impressionante de 212%, levantando questões sobre o destino desses recursos.
Uma parte significativa desse capital foi direcionada para ativos ilíquidos, que não possuem uma precificação clara no mercado. Isso possibilita a manipulação de valores, criando lucros artificiais que eram evidentes para quem observava. As distorções financeiras eram visíveis e preocupantes.
Auditorias e Avaliações
A atuação da autoridade monetária em relação ao crescimento do Banco Master, que ocorreu em um ambiente de desregulamentação, merece uma análise mais profunda. O relatório da KPMG de 2024 afirma que a posição patrimonial e financeira do banco estava adequada, mas questiona-se a validade dessa avaliação, especialmente em relação à precificação de ativos ilíquidos.
A Fitch, por sua vez, mencionou a estabilização do perfil financeiro do banco, mas posteriormente rebaixou sua nota para nível D, o que levanta dúvidas sobre a credibilidade das avaliações feitas antes da liquidação.
Conclusão e Reflexões Finais
Apesar das incertezas, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) cumpriu seu papel ao proteger os investidores. Contudo, é evidente que as regras de garantia precisam ser revisadas para evitar que situações semelhantes ocorram no futuro. Recursos significativos serão utilizados para compensar investidores que podem ter sido enganados, refletindo um avanço em um país onde escândalos financeiros frequentemente resultam em prejuízos para o setor público.
Fonte por: Estadao
