COP30: Avanços e pendências nas conclusões da conferência

Unidade climática é defendida, mas acordo para redução de combustíveis fósseis não avança

24/11/2025 2:40

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Logo da COP30 é exibido em frente a um edifício central em Belém...

Resultados da COP30 sobre Mudança Climática

A COP30, cúpula da ONU dedicada à mudança climática, concluiu-se com um acordo frágil que não atendeu a várias demandas significativas de muitos países. No entanto, um compromisso importante foi firmado: os países ricos se comprometeram a triplicar os investimentos para auxiliar na adaptação ao aquecimento global.

Realizada em Belém, a cúpula trouxe à tona diversas questões cruciais sobre a luta contra as mudanças climáticas.

Combustíveis Fósseis e Acordos Frustrantes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou a cúpula com um apelo para que os países chegassem a um consenso sobre um “mapa do caminho” que avançasse na promessa da COP28, em Dubai, de abandonar os combustíveis fósseis. Contudo, essa proposta não avançou, pois nações árabes ricas em petróleo e outros países dependentes de combustíveis fósseis bloquearam qualquer menção ao tema.

Em vez disso, a presidência da COP30 estabeleceu um plano voluntário, permitindo que os países decidissem se adeririam ou não. O resultado foi semelhante ao das cúpulas anteriores, onde os países concordaram em aumentar os investimentos para enfrentar os desafios climáticos, mas ignoraram a causa principal das emissões.

Desde 2020, quase três quartos das emissões globais de gases de efeito estufa têm origem em carvão, petróleo e gás, e a demanda por esses combustíveis deve crescer até 2050, conforme relatório da Agência Internacional de Energia.

Unidade Climática Global e Desafios nas Negociações

A necessidade de uma demonstração de unidade nas negociações climáticas foi um dos principais tópicos discutidos. Os países concordaram que os países ricos, responsáveis pela maior parte da poluição histórica, devem assumir a maior parte da responsabilidade na resolução do problema. No entanto, para alcançar um acordo final, muitos objetivos ambiciosos foram abandonados, incluindo metas mais rigorosas para a redução das emissões.

A ausência dos Estados Unidos nas negociações foi lamentada, pois sua falta de participação encorajou países com interesses em combustíveis fósseis. Isso gerou preocupações sobre um processo que permite que apenas alguns vetem acordos coletivos, aumentando os pedidos por reformas.

O Papel da China e de Outros Países em Desenvolvimento

A China, sob a liderança de Xi Jinping, teve um papel de destaque na cúpula, embora sua participação nas negociações tenha sido limitada. A delegação chinesa trouxe uma mensagem clara sobre sua disposição em fornecer tecnologia de energia limpa necessária para a redução das emissões. Além disso, empresas chinesas de energia solar e veículos elétricos foram apresentadas no evento.

Outros países em desenvolvimento, como a Índia e a África do Sul, também mostraram força nas negociações, com a Índia apresentando uma agenda climática e a África do Sul preparando-se para sua própria cúpula do G20.

Florestas, Direitos Indígenas e Financiamento

Realizada em Belém, a cúpula destacou a importância das florestas na luta contra as mudanças climáticas, com ênfase na colaboração com comunidades indígenas, consideradas guardiãs das terras naturais. No entanto, muitos participantes se sentiram frustrados por não serem ouvidos, resultando em protestos e confrontos com a segurança do evento.

Os países anunciaram cerca de US$ 9,5 bilhões em financiamento florestal, mas a cúpula terminou com um sentimento de descontentamento, pois não foram estabelecidos planos concretos para cumprir a promessa de desmatamento zero até 2030.

Desinformação e Ciência Climática

Embora líderes como Lula tenham se manifestado contra a desinformação e a negação da ciência climática, as negociações não foram eficazes em combater os ataques à ciência climática, especialmente por parte do governo dos EUA. A cúpula não reconheceu o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) como a “melhor ciência disponível”, o que enfraqueceu o consenso global sobre a questão.

O acordo final mencionou a importância dos resultados do IPCC, mas também incluiu dados de países em desenvolvimento, o que dilui a ênfase na ciência climática estabelecida. Ao ignorar os combustíveis fósseis e as metas de emissões, a COP30 deixou de atender aos alertas emitidos pelos cientistas sobre a urgência da situação climática.

Fonte por: CNN Brasil

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