Crise no Enem: lições a serem aprendidas com questões ‘antecipadas’ nas redes sociais
Acesso à informação cresce com novas tecnologias, mesmo com segurança reforçada; Edcley Teixeira é um exemplo dessa descoberta.
Polêmica em Torno do Enem e a Teoria de Resposta ao Item
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) gera controvérsias desde sua criação, principalmente devido à sua complexidade e ao fato de que candidatos com o mesmo número de acertos podem receber notas diferentes. Essa situação, que confunde muitos, é resultado da aplicação da Teoria de Resposta ao Item (TRI), que busca avaliar o desempenho dos alunos de forma mais precisa, especialmente em cursos altamente concorridos, como Medicina.
Funcionamento da Teoria de Resposta ao Item (TRI)
A TRI atribui ou retira pontos com base no padrão de acertos dos candidatos. Por exemplo, um aluno que acerta uma questão difícil, mas erra uma fácil, pode ser penalizado, pois a metodologia considera que o acerto foi aleatório. Para que essa avaliação seja justa, as questões precisam ser classificadas de acordo com seu nível de dificuldade.
Os pré-testes, que estão no centro da discussão sobre o vazamento do Enem, são utilizados para estabelecer esses parâmetros. Durante esses testes, questões são aplicadas a um grupo de alunos com perfil semelhante, e os resultados servem como referência para a avaliação.
Desafios e Críticas ao Pré-teste
Embora o pré-teste busque garantir a comparabilidade das edições do Enem, ele também levanta preocupações. O fato de algumas questões serem divulgadas em lives ou apostilas não deve ser considerado um vazamento, mas a prática ainda gera desconfiança. O Enem representa um sonho para muitos estudantes, especialmente aqueles que almejam vagas em universidades públicas, onde a mensalidade em cursos como Medicina pode ser exorbitante.
Desde que o Enem se tornou um vestibular em 2009, a segurança na aplicação do exame tem sido uma prioridade. Apesar das medidas de segurança, a divulgação de informações sobre pré-testes e a facilidade de acesso à informação na era digital aumentam o risco de que candidatos descubram questões antecipadamente.
Alternativas e Futuro do Enem
Especialistas sugerem que não é necessário realizar pré-testes para manter a eficácia da TRI. A calibração pode ser feita após a aplicação do exame, utilizando análises dos resultados dos candidatos. Tecnologias como inteligência artificial já estão sendo utilizadas em outros países para esse fim, embora a implementação no Brasil possa demandar tempo e investimento.
Recentemente, o Inep suspendeu um pré-teste que estava programado, e a discussão sobre a necessidade de pré-testes deve ser intensificada. Sem eles, a comparação entre exames de diferentes anos se torna mais difícil, mas essa pode ser uma medida necessária para preservar a integridade do Enem e seu papel na democratização do acesso ao ensino superior no Brasil.
Fonte por: Estadao
Autor(a):
Redação
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