Reflexões sobre a figura paterna
Meu pai possuía mãos grandes e cuidadas, que sempre me transmitiram proteção. Recordo-me de sua caixinha de couro, onde guardava seus objetos de higiene pessoal, e da paciência com que aparava as unhas. Essas memórias permanecem vivas em minha mente.
Um modelo de homem
Para mim, meu pai foi o modelo ideal de homem, o que traz tanto bênçãos quanto desafios. Ao longo da vida, procurei encontrar em outros homens as qualidades que ele possuía, mas também acabei percebendo seus defeitos. A perda precoce dele fez com que sua imagem se tornasse uma lembrança cristalizada, onde suas virtudes como força, coragem e honestidade se destacam, ofuscando suas falhas.
Atualmente, participo de terapia de casal com meu marido, onde tenho refletido sobre a influência da figura paterna em meu relacionamento. Busco, muitas vezes, traços do meu pai em meu marido, o que me faz perder a conexão com a realidade do nosso casamento. É um desafio equilibrar a idealização do que seria o “melhor casamento” com a individualidade de cada um.
Momentos de redescoberta
Recentemente, em uma reunião de trabalho com meu marido, percebi suas mãos de uma forma nova. Enquanto ele apresentava uma ideia, senti um conforto familiar, como se tivesse escolhido as mãos certas para compartilhar a vida. Embora suas mãos sejam mais delicadas e finas do que as do meu pai, havia uma conexão que me fez lembrar que, mesmo em momentos difíceis, eu escolheria novamente essas mãos para caminhar ao meu lado.
Conclusão
A relação com a figura paterna pode moldar nossas expectativas e percepções sobre o amor e o casamento. Ao reconhecer essas influências, podemos trabalhar para construir relacionamentos mais saudáveis e autênticos, valorizando as qualidades que cada um traz para a parceria.
Fonte por: Estadao
