‘Embaixador afirma que acordo entre União Europeia e Mercosul será mantido’

José Alfredo Graça Lima critica salvaguardas acordadas, chamando-as de ‘aberração’ nas negociações entre blocos dos anos 2000.

18/12/2025 20:50

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(Imagem de reprodução da internet).

Entrevista com José Alfredo Graça Lima sobre o Acordo MercosulUnião Europeia

José Alfredo Graça Lima, vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e um dos primeiros negociadores do acordo entre Mercosul e União Europeia, comenta sobre o recente adiamento da assinatura do documento. Ele acredita que essa decisão não terá impacto prático e pode até diminuir o desgaste entre os blocos e os países europeus envolvidos.

Segundo Graça Lima, as salvaguardas acordadas pelos europeus para proteger seus agricultores são consideradas uma “aberração” e podem anular os benefícios esperados do tratado. Ele ressalta que, apesar do adiamento, o acordo ainda pode ser retomado, embora governos futuros, como o da Alemanha, possam não demonstrar o mesmo empenho.

Perspectivas sobre o Acordo e a Situação Atual

A Alemanha vê no acordo uma oportunidade para impulsionar sua indústria e acredita que é crucial estreitar laços com parceiros da América Latina, especialmente em um momento de relações delicadas com os Estados Unidos e crescente influência da China na região do Mercosul.

Graça Lima destaca que, embora tenha havido janelas favoráveis para a assinatura do acordo no passado, a complexidade do processo decisório na União Europeia pode dificultar sua aprovação. O adiamento da discussão, conforme desejado pela França, é um reflexo das tensões políticas e eleitorais que envolvem o tema.

Controvérsias e Desafios

Desde 1999, a França tem se oposto ao acordo, e essa resistência não é apenas uma questão econômica, mas também política. Os agricultores franceses, preocupados com a concorrência, têm exercido forte influência sobre a posição do governo francês, dificultando a conclusão do tratado.

Impactos do Adiamento da Assinatura

Graça Lima acredita que a falta de assinatura não terá impactos significativos, podendo até reduzir o desgaste que se acumulou em torno do tema. Ele critica as exigências de salvaguardas, que considera uma barreira ao potencial do acordo, favorecendo o protecionismo europeu e dificultando a competitividade dos produtos brasileiros e argentinos no mercado europeu.

Fonte por: Estadao

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