Entenda o ‘efeito balão’ que permitiu ao Comando Vermelho expandir seu território no Rio

Cerca de 4 milhões de moradores, representando 34,9% da população, vivem sob o domínio de facções e milícias.

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Rio de Janeiro

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Expansão do Tráfico de Drogas no Rio de Janeiro

A afirmação do ex-secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, durante a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro, indicava que o tráfico de drogas continuaria a ser um problema persistente na Cidade de Deus. Apesar das expectativas de controle, facções como o Comando Vermelho, o Terceiro Comando Puro e milícias ampliaram sua presença no estado durante o programa de policiamento comunitário.

A pesquisa “Mapa Histórico dos Grupos Armados do Rio de Janeiro”, realizada pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) e o Instituto Fogo Cruzado, revela que o Comando Vermelho se expandiu em diversas áreas do Rio de Janeiro entre 2008 e 2015, período de implantação das UPPs. Esse fenômeno é atribuído ao chamado “efeito balão“, onde a presença da polícia em algumas favelas levou traficantes a se deslocarem para outras regiões.

Movimentação dos Grupos Criminosos

Segundo a pesquisa, a presença da Polícia Militar nas favelas ocupadas incentivou membros do Comando Vermelho a se estabelecerem em áreas da Baixada e Leste Fluminense. Essa migração visava evitar confrontos diretos com a polícia, enquanto mantinham o controle sobre os territórios de origem.

O sociólogo Daniel Hirata, coordenador do Geni, destaca que a expansão das facções durante a implementação das UPPs, embora não intencional, foi influenciada pela política de segurança pública. Ele observa que a maioria das UPPs foi instalada em áreas dominadas pelo Comando Vermelho, o que facilitou o deslocamento de líderes e membros para outras localidades.

Impacto da Crise e Desmantelamento das UPPs

Atualmente, cerca de 4 milhões de pessoas, representando 34,9% da população do Rio, vivem sob a influência de facções e milícias. Em 2007, esse número era de 2,5 milhões. A pesquisa aponta que a grande expansão dos grupos criminosos entre 2016 e 2020 foi impulsionada por um contexto de oportunidades no mercado imobiliário e falhas nas políticas de segurança, exacerbadas pelo desmantelamento das UPPs e pela intervenção federal na segurança pública.

Hirata ressalta que a desestruturação das UPPs se insere em um quadro mais amplo de deterioração do Estado do Rio de Janeiro, que entrou em falência em 2015. A falta de pagamento de salários e bonificações aos policiais contribuiu para a ampliação do acesso das facções a diversas regiões do estado.

O estudo conclui que, embora o “efeito balão” tenha facilitado a migração de traficantes, o crescimento das organizações criminosas é um fenômeno contínuo ao longo dos últimos 18 anos, refletindo a complexidade da situação de segurança no Rio de Janeiro.

Fonte por: Jovem Pan

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