Extrativistas protestam na COP30 por reconhecimento na proteção florestal

Movimento em Belém clama por ação contra mudanças climáticas com lema ‘a morte da floresta é o fim da nossa vida’

14/11/2025 8:00

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Extrativistas marcham na COP por reconhecimento na proteção flor...

Marcha em Defesa dos Direitos Territoriais em Belém

Na tarde de quinta-feira (13), centenas de lideranças extrativistas de diversos biomas do Brasil se reuniram em Belém, entoando o lema “a morte da floresta é o fim da nossa vida”. O ato, denominado Porongaço dos Povos da Floresta, teve como objetivo defender os direitos territoriais e destacar a importância das reservas de uso sustentável para o equilíbrio ecológico e a prestação de serviços ambientais essenciais no combate às mudanças climáticas.

O evento contou com a participação de seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, pescadores artesanais e quebradeiras de coco, entre outros povos e comunidades tradicionais. A marcha iluminou as ruas da capital paraense com as chamas das porongas, lamparinas utilizadas por seringueiros, que simbolizam a luta histórica do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), fundado em 1985.

Contexto e Importância da Mobilização

O movimento, que remonta à década de 1970 sob a liderança de Chico Mendes no Acre, busca dar voz e articulação política aos extrativistas diante da violência, grilagem e destruição ambiental. A caminhada foi organizada como uma atividade paralela à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorre em Belém nesta e na próxima semana.

Letícia Moraes, vice-presidente do CNS, destacou a conexão profunda das populações extrativistas com o território, afirmando que a saúde da floresta e dos rios está diretamente ligada ao bem-estar dessas comunidades. Ela enfatizou que as áreas com floresta viva são aquelas sob responsabilidade das comunidades tradicionais, que cuidam e preservam esses ecossistemas.

Dados sobre a Conservação e o Papel das Comunidades

De acordo com o CNS, as reservas e projetos de assentamento agroextrativistas protegem mais de 42 milhões de hectares de florestas e rios, representando 5% do território nacional. Essas áreas são responsáveis por armazenar aproximadamente 25,5 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde a cerca de 11 anos das emissões totais do Brasil, contribuindo significativamente para a mitigação das mudanças climáticas.

Na COP30, as comunidades extrativistas estão sendo representadas por Joaquim Belo, que busca garantir que os serviços ecossistêmicos prestados por essas populações sejam reconhecidos nas metas de mitigação das mudanças climáticas.

Demandas e Propostas para o Futuro

Ao final da marcha, um documento do CNS foi entregue à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, contendo uma série de demandas. Entre os principais pontos, está a exigência de reconhecimento formal das reservas extrativistas e territórios tradicionais na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil, destacando sua contribuição para a redução do desmatamento e conservação de estoques de carbono.

O documento também reivindica que esses territórios sejam priorizados em políticas de adaptação e mitigação, com investimentos consistentes e permanentes voltados à proteção territorial e ao fortalecimento da gestão comunitária.

Marina Silva, em seu discurso, lembrou sua trajetória como seringueira e ressaltou o papel das comunidades na solução dos problemas relacionados às mudanças climáticas, enfatizando a importância de ampliar as políticas públicas que apoiam essas populações.

Fonte por: Jovem Pan

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