O Novo Comportamento do Investidor no Mercado Financeiro
Tradicionalmente, o investimento seguia uma metodologia clara: alocar capital em empresas cuja rentabilidade superasse o custo de capital. Essa abordagem visava financiar negócios que gerassem valor econômico real. Contudo, atualmente, o mercado financeiro opera sob uma lógica diferente, centrada na narrativa.
Os investidores modernos demonstram uma crescente indiferença em relação ao critério fundamental de criação de valor. Essa mudança não é apenas um erro de avaliação, mas sim um comportamento que reflete uma nova dinâmica no mercado.
O Fenômeno dos Investidores Mais Velhos
Uma recente reportagem destacou que investidores com mais de 70 anos nos EUA estão detendo uma quantidade recorde de ações, mantendo uma alta exposição à renda variável, mesmo em idades avançadas. Esse fenômeno é frequentemente visto como um sinal de amadurecimento financeiro e sofisticação do investidor.
No entanto, essa tendência ocorre em um contexto de alertas sobre a sobrevalorização e a concentração em certas empresas, como demonstram análises sobre as chamadas “Sete Magníficas” e a possível bolha associada à inteligência artificial. O paradoxo é claro: mais investidores estão assumindo riscos em um momento em que os fundamentos sugerem cautela.
A Criação de Valor no Brasil
É evidente que muitas empresas não estão criando valor, e essa contradição se torna ainda mais pronunciada no Brasil, conforme revelam diversos estudos. Uma pesquisa realizada pelo professor Antonio Sanvicente, da Escola de Economia da FGV, analisou o desempenho de 157 das 400 maiores empresas não financeiras do país.
Os resultados indicam que apenas cerca de 20% dessas empresas conseguiram criar valor positivo, conforme a comparação entre o retorno sobre ativos e o custo de oportunidade do capital. Apesar da abundância de informações e do acesso a dados, o mercado não se tornou mais racional, mas sim mais ansioso.
Reflexões Finais sobre o Investimento
Atualmente, muitas empresas continuam a compor índices e a receber investimentos, mesmo sem a criação de valor. A questão central que se impõe não é se o mercado está caro ou barato, mas se ainda conseguimos distinguir entre preço e valor. Investir sem considerar o valor real é, na verdade, uma forma de aposta, disfarçada pela ilusão de sofisticação.
Fonte por: Estadao