Israel reiterou o pedido pela libertação de “todos os reféns” sequestrados em Gaza, após o Hamas aceitar uma nova proposta de trégua que contempla o retorno dos cativos em duas fases. Mediadores do conflito – Egito, Catar e Estados Unidos – aguardavam a resposta oficial israelense à iniciativa. O Catar demonstrou otimismo, considerando a proposta “quase idêntica” à versão anterior aprovada por Israel, que previa uma trégua de 60 dias e a liberação de reféns em duas etapas como prelúdio para um acordo definitivo que encerre a guerra.
Não se pode declarar que houve um avanço decisivo, mas consideramos que é um ponto positivo”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Mayed al Ansari. Contudo, um alto funcionário israelense declarou à AFP que seu país “não mudou” sua política e continua reivindicando a “libertação de todos os reféns”, conforme os princípios estabelecidos pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para pôr fim à guerra.
“Encontramo-nos na fase final decisiva contra o Hamas e não deixaremos nenhum refém para trás”, declarou a fonte. Em quase dois anos de conflito na Faixa de Gaza, as partes em conflito mantiveram diálogos intermitentes indiretos, que possibilitaram duas tréguias breves e a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, mas não conseguiram alcançar um cessar-fogo duradouro.
Em breve, até o final da semana.
Segundo a imprensa israelense, o acordo proposto deve ser anunciado antes do final da semana. O texto da proposta se baseou em um plano anterior do enviado americano Steve Witkoff, que previa a libertação de 10 reféns vivos e a devolução dos corpos de 18 falecidos em troca de um cessar-fogo de 60 dias e negociações para encerrar a guerra, reportou a rádio pública Kan. “A questão do desarmamento do Hamas será debatida durante o cessar-fogo”, segundo a emissora. “O Hamas e as (outras) facções esperam (â¦) que Netanyahu não imponha obstáculos ou barreiras à implementação do acordo”, declarou à AFP Izzat al Rishq, membro do comitê político do Hamas.
Ministros israelenses de extrema direita, incluindo Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, alertaram para uma “tragédia” caso Netanyahu “ceda ao Hamas”, argumentando que o primeiro-ministro “não possui mandato para concretizar um acordo parcial”.
O conflito teve início com o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, no qual militantes islamistas ceifaram a vida de 1.219 indivíduos, em sua maioria civis, conforme apurado pela Agência France-Presse com base em informações oficiais. Além disso, 251 reféns foram tomados, sendo que 49 ainda se encontram em cativeiro em Gaza, incluindo 27 que teriam falecido, de acordo com o Exército israelense.
Em Gaza, a operação de retaliação israelense resultou na morte de 62.064 pessoas, na sua maioria civis, conforme dados do Ministério da Saúde do território palestino – governado pelo Hamas –, que são considerados confiáveis pela ONU.
Eles estão nos atirando.
Esses anúncios se dão em um momento em que o exército israelense busca assumir o controle da Cidade de Gaza e dos campos de refugiados próximos, com o objetivo declarado de eliminar o Hamas e resgatar todos os reféns. A Defesa Civil de Gaza informou, nesta terça-feira, que o número de mortos no território palestino ultrapassou 37, incluindo cinco vítimas de um ataque aéreo em Zeitun e uma em um ataque com drones em Al Sabra, ambos na Cidade de Gaza.
Testemunhas relataram que um grupo de veículos blindados se localizava nas proximidades de Al Sabra. “As explosões continuam em Al Sabra. Tanques e artilharia estão atirando contra nós, assim como os drones”, afirmou à AFP Hussein al Dairi, morador do bairro.
O Exército israelense se recusou a comentar as acusações palestinas e afirmou que atuava para desmantelar as capacidades militares do Hamas, adotando “precauções razoáveis para mitigar os danos à população civil”. Por outro lado, o portal israelense de notícias Walla reportou, citando um especialista militar, que a “divisão 99 está prestes a concluir a conquista do bairro de Zeitun” e que o “próximo alvo será Al Sabra”.
Desde o início da guerra, Israel mantém um cerco a Gaza e seus mais de dois milhões de habitantes, que enfrentam a ameaça de uma “fome generalizada”, segundo as Nações Unidas. Na terça-feira, a ONU declarou que não foi autorizada a entregar tendas de campanha aos moradores da Faixa, apesar de os planos israelenses para tomar a Cidade de Gaza incluírem o traslado de seus habitantes para o sul do território.
Com informações da AFP Publicado por Fernando Dias
Fonte por: Jovem Pan