Juros a 15% bloqueiam setores-chave da economia brasileira; saiba mais

Taxa atinge maior patamar em 20 anos, encarecendo crédito e freando investimentos.

09/11/2025 3:45

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(Imagem de reprodução da internet).

Copom Mantém Taxa de Juros em 15%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros em 15%, o maior nível em quase 20 anos. Essa decisão impacta diretamente setores estratégicos da economia brasileira, como a construção civil, a indústria e o comércio, que dependem fortemente de crédito e de consumidores dispostos a investir.

Com os juros elevados, o custo do serviço da dívida aumenta, elevando as despesas financeiras e pressionando os lucros das empresas. Isso leva os bancos a serem mais seletivos na concessão de crédito, dificultando a rolagem de dívidas, especialmente para empresas com alta alavancagem e dívidas de curto prazo.

Impactos na Economia e no Setor Imobiliário

Em meio a esse cenário, muitas empresas estão adiando planos de expansão e priorizando a preservação de caixa, já que o custo do capital torna novos investimentos menos atrativos. A alta da Selic também encarece produtos e serviços, reduzindo a capacidade de compra do consumidor e freando o crescimento econômico.

Um estudo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) revela que, nos últimos cinco anos, o aumento das taxas de juros retirou cerca de 800 mil famílias do mercado de crédito imobiliário, reduzindo em 50% o público elegível para imóveis de até R$ 500 mil. Cada ponto percentual de aumento nas taxas elimina, em média, 160 mil famílias do financiamento.

A economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) destaca que a alta dos juros reduziu a captação da poupança, principal fonte do crédito imobiliário. Dados da Abecip mostram que, até setembro, o total de imóveis financiados com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) caiu 20,5% em relação ao ano anterior.

Desafios para a Indústria e Investimentos

Com o crédito caro e restrito, as empresas industriais enfrentam dificuldades para financiar capital de giro e investir em novos projetos. A produção industrial recuou 0,4% entre agosto e setembro, refletindo o impacto da política monetária. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 80% das indústrias consideram a taxa de juros como a principal barreira para crédito de curto prazo.

Além disso, o aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) reduziu ainda mais a oferta de crédito e o volume de investimentos. Esse cenário afeta especialmente setores de bens duráveis, como automotivo e eletroeletrônico, que dependem das condições de crédito e do poder de compra das famílias.

Queda no Consumo e Risco de Fechamento de Empresas

Os altos juros, o crédito mais caro e a inadimplência crescente, que já atinge 30,4% das famílias, resultam em um recuo no consumo. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), 80% das famílias estão endividadas, levando os consumidores a adiar compras e reduzir gastos.

Os empresários enfrentam desaceleração nas vendas, aumento de estoques e necessidade de cortes de custos. Esse cenário pode levar ao fechamento de empresas mais vulneráveis, queda nos lucros e pressão sobre a geração de empregos. No acumulado até setembro, o setor de comércio criou 138 mil postos de trabalho, uma queda de 21,3% em relação ao ano anterior.

A confiança dos consumidores na situação financeira caiu drasticamente, o que pode resultar em mais fechamentos de negócios e pressão contínua sobre a rentabilidade do setor como um todo.

Fonte por: CNN Brasil

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