Os chefes do Estado-Maior dos Exércitos da Otan se reunirão na quarta-feira (20) para discutir as possíveis garantias de segurança para a Ucrânia, como parte dos intensos esforços diplomáticos para concluir a guerra iniciada pela Rússia há mais de três anos. Os detalhes do encontro, que ocorrerá por videoconferência, não foram divulgados. A reunião acontece em meio ao frenesi diplomático impulsionado pela cúpula no Alasca entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo da Rússia, Vladimir Putin, que ocorreu na semana passada e reacendeu as conversas para encerrar o conflito.
Na terça-feira, Trump manifestou disposição de fornecer apoio aéreo como garantia de segurança à Ucrânia, caso haja acordo com a Rússia, mas rejeitou o envio de tropas terrestres, uma missão que contaria com o apoio dos aliados europeus. “Eles estão dispostos a enviar soldados”, declarou o republicano à Fox News, referindo-se ao presidente da França e aos chefes de governo da Alemanha e Reino Unido, que recebeu na segunda-feira na Casa Branca. Trump assegurou que não haverá envio de tropas americanas para o território da Ucrânia, garantiu sua porta-voz, Karoline Leavitt.
Utopia
Moscou, contudo, acredita que discutir sobre garantias de segurança sem a Rússia é utópico e não resultará em nada, conforme declarado pelo chefe da diplomacia do país, Serguei Lavrov. A Rússia alertou que qualquer acordo de paz deve assegurar a “segurança” do país dos povos que falam russo na Ucrânia, justificativa utilizada para iniciar a invasão em 24 de fevereiro de 2022. O líder americano recebeu na segunda-feira em Washington seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky, ao lado de um grupo de chefes de Estado europeus, três dias após receber Putin com honras no Alasca.
Os participantes do encontro na Casa Branca comemoraram os progressos nas garantias de segurança para Kiev, um assunto fundamental, e anunciaram que o presidente russo concordou em participar de uma cúpula com Zelensky nas próximas semanas. Em uma ligação telefônica com Trump na segunda-feira, Putin propôs uma reunião com o presidente ucraniano em Moscou, conforme divulgado pela AFP a partir de três fontes envolvidas nas negociações. No entanto, Zelensky recusou a proposta. O presidente francês, Emmanuel Macron, sugeriu a cidade suíça de Genebra como local para o encontro. Trump, por sua vez, sinalizou ainda na segunda-feira que, caso a reunião bilateral fosse bem-sucedida, poderia ocorrer um encontro tripartite com sua participação.
Concessões territoriais
Quase 30 aliados de Kiev, reunidos na “coalizão de voluntários”, conversaram na terça-feira por videoconferência – um evento convocado por Macron e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer – e foram informados sobre as conversas em Washington. As equipes de planejamento europeias e americanas devem entrar em contato nos “próximos dias para preparar a mobilização de uma força de segurança caso as hostilidades cheguem ao fim”, indicou um porta-voz de Starmer. Kiev acredita que, mesmo com o anúncio de um acordo de paz, Moscou tentará novamente uma invasão.
O presidente francês classificou Putin como “predador, um ogro à nossa porta”, que representa uma “ameaça para os europeus”. A questão das concessões territoriais exigidas pela Rússia permanece uma grande incógnita, considerando que suas tropas ocupam quase 20% da Ucrânia. Washington, assim como os europeus, afirma que o tema deve ser resolvido diretamente entre Moscou e Kiev, que até então se recusa a ceder território.
Para o chefe de Governo alemão, Friedrich Merz, Kiev não deveria ser obrigada a fazer concessões territoriais. Trump, por outro lado, solicitou “flexibilidade” a Zelensky e afirmou que a Ucrânia teria que se resignar, em especial com a região do Donbass, composta por Donetsk e Luhansk, que fazem fronteira com a Rússia.
Com informações da AFP
Fonte por: Jovem Pan