Lixo contamina gravemente quase 50% dos ambientes aquáticos do planeta

Pesquisadores da Unifesp analisam 6.049 registros de contaminação em todos os continentes na última década.

01/12/2025 10:40

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(Imagem de reprodução da internet).

Estudo Revela Contaminação em Ambientes Aquáticos

Um levantamento global revelou que 46% dos ambientes aquáticos do mundo são classificados como “sujos” ou “extremamente sujos”. A pesquisa, que analisou 6.049 registros de contaminação por lixo ao longo da última década, foi coordenada pelo pesquisador Ítalo Braga de Castro e liderada pelo doutorando Victor Vasques Ribeiro, do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar-Unifesp).

O estudo, publicado no Journal of Hazardous Materials, utilizou o Clean-Coast Index (CCI) para avaliar a limpeza de rios, estuários, praias e manguezais. Apesar do Brasil liderar o número de registros, cerca de 30% dos ambientes costeiros brasileiros foram considerados sujos ou extremamente sujos, evidenciando a necessidade de melhorias na gestão de resíduos.

Distribuição Desigual da Contaminação

A pesquisa destacou uma distribuição desigual no monitoramento da contaminação. Embora o Brasil tenha um grande número de registros, isso não garante que os ambientes monitorados estejam em boas condições. Os manguezais de Santos, por exemplo, estão entre os pontos mais contaminados do planeta.

Os dados mostraram que plásticos e bitucas de cigarro representam quase 80% dos resíduos encontrados globalmente. Os plásticos, que compõem 68% dos itens registrados, são especialmente problemáticos devido à sua persistência no meio ambiente e à fragmentação em microplásticos.

Impacto das Áreas Protegidas

O estudo analisou 445 áreas protegidas em 52 países e concluiu que a proteção ambiental pode reduzir a contaminação em até sete vezes. No entanto, cerca de 31% dessas áreas ainda foram classificadas como “sujas” ou “extremamente sujas”, indicando que a proteção não é suficiente diante da pressão humana.

Além disso, foi identificado um “efeito de borda”, onde o lixo se acumula nas fronteiras das unidades de conservação, evidenciando a influência das atividades humanas nas proximidades.

Desafios e Propostas para o Futuro

O estudo também cruzou dados de contaminação com indicadores socioeconômicos, revelando que em áreas não protegidas, a contaminação aumenta nos estágios iniciais de desenvolvimento econômico, mas tende a diminuir com melhorias em infraestrutura e governança ambiental. No entanto, dentro das áreas protegidas, o desenvolvimento econômico pode aumentar a contaminação.

Para enfrentar a crise da contaminação por lixo, especialmente plástico, são necessárias ações integradas em toda a cadeia produtiva, incluindo a redução da fabricação e sistemas eficientes de coleta e reaproveitamento. O estudo oferece uma base científica para apoiar políticas públicas e negociações internacionais, como o Tratado Global do Plástico.

Fonte por: CNN Brasil

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