Marina defende a participação de povos indígenas em discussões sobre terras raras
A ministra afirmou que os projetos devem considerar os modos de vida dos povos originários, que “contribuem para o equilíbrio do planeta”.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, declarou, no sábado (16.ago.2025), que os povos originários devem participar das discussões globais sobre a exploração de terras raras. Ela ressaltou que o assunto impacta diretamente comunidades indígenas e tradicionais, considerando que a maior parte dos depósitos desses minerais se encontra em seus territórios.
Qualquer solução técnica não pode ser desprovida do cuidado ético com aqueles que têm um estilo de vida diferente, que ajudam a proteger os recursos naturais e a equilibrar o planeta, considerando os nossos padrões de produção e consumo, eles devem levar em conta seus modos de vida, sua cosmovisão sendo destruída.
A declaração foi feita durante o 60º treinamento para novos líderes climáticos, no Rio, promovido pelo ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore (Partido Democrata), fundador do Climate Reality Project.
Terras Raras
Os elementos terras raras são um conjunto de 17 substâncias químicas com um papel modesto, porém indispensável, na fabricação de tecnologias avançadas, incluindo baterias, eletrônicos, turbinas eólicas e equipamentos de defesa.
As soluções técnicas não podem faltar a compromisso ético de considerar essas comunidades. Certamente, elas precisam ser ouvidas.
A ministra ressaltou que a Convenção 169 da OIT já assegura o direito ao consentimento prévio, livre e informado das comunidades impactadas por empreendimentos de exploração.
Não se pode simplesmente criar mecanismos que, inclusive, por vezes dividem as comunidades.
Caos civilizatório e COP30
Marina declarou que o mundo enfrenta um cenário de caos civilizatório, ainda que tenha defendido que o debate ambiental não deva ser interrompido.
“Infelizmente, acredito que estamos numa crise, que eu venho alertando há alguns anos, que se trata de uma espécie de crise civilizatória. Quando se vê aquela que sempre se colocou como a maior democracia do mundo, promovendo um debate ou uma manifestação sobre a retirada do direito de voto das mulheres, realmente o mundo entrou em um caos civilizatório”, declarou.
A declaração da ministra ocorre após o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, publicar um vídeo no X (antigo Twitter) na terça-feira (12.ago) no qual pastores cristãos afirmam que mulheres não deveriam ter direito ao voto ou assumir cargos de liderança.
A ministra afirmou que a COP30, prevista para novembro em Belém (PA), deve ser a conferência da aplicação das medidas já estabelecidas em cúpulas anteriores. Ela também ressaltou os esforços do governo para operar o FTFF (Fundo Tropical das Florestas), que visa remunerar financeiramente países que conservam florestas tropicais.
“Desejamos que o Fundo Amazônia opere de forma efetiva na COP30. O governo brasileiro está se mobilizando para envolver aqueles que podem contribuir para impulsionar o fundo, pois ele não é uma doação, ele opera seguindo as regras do mercado”, declarou Marina.
Fonte por: Poder 360