Mulher de ex-procurador do INSS permanece em silêncio na CPMI sobre fraudes previdenciárias
Thaisa Hoffmann Jonasson é chamada a comissão após ser apontada como laranja em esquema de desvio de recursos de aposentados.
Depoimento de Thaisa Hoffmann Jonasson na CPMI do INSS
A médica Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa do ex-procurador-geral do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, permaneceu em silêncio durante a maior parte de seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga irregularidades no órgão. Acusada de ser laranja em um esquema de desvio de recursos de aposentados e pensionistas, Thaisa compareceu à comissão com um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), que a isentou de responder a perguntas que poderiam levar à autoincriminação.
Sua advogada, Izabella Hernandez Borges, informou que Thaisa não se comprometeria a dizer a verdade, uma vez que é investigada e alvo de um pedido de prisão preventiva. As investigações indicam que Thaisa movimentou cerca de R$ 18 milhões provenientes de fraudes, a maior parte recebida do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, que é apontado como um dos principais articuladores do esquema, responsável por movimentar até R$ 2 bilhões.
Irregularidades e Acusações
As empresas de Thaisa, Curitiba Consultoria e Centro Médico Vitacare, receberam quase R$ 11 milhões do lobista, enquanto outra empresa, THJ Consultoria, teria recebido R$ 3,5 milhões de um núcleo ligado ao esquema em Sergipe. O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que as fraudes incluíam a falsificação de autorizações de idosos para o desconto automático de mensalidades em benefícios previdenciários, através de convênios irregulares com o INSS.
Durante a sessão, Gaspar declarou que Thaisa saiu da CPMI com a imagem de “lavadora de dinheiro dos aposentados e pensionistas”. Em uma das poucas respostas que deu, Thaisa afirmou que os pagamentos recebidos referem-se a serviços de pareceres médicos prestados a partir de 2022. Ela se comprometeu a apresentar documentos à comissão para comprovar a execução dos trabalhos.
Imóveis e Veículos de Luxo
O relator também mencionou reportagens que ligam Thaisa e seu marido à compra de um imóvel de R$ 28 milhões em Balneário Camboriú (SC) e à aquisição de veículos de luxo, incluindo um Porsche, após a deflagração da Operação Sem Desconto, em abril deste ano. Esses valores são considerados incompatíveis com os rendimentos de um servidor público. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), comentou que Thaisa foi orientada a permanecer em silêncio, mas os fatos já são reveladores.
A CPMI ouvirá ainda nesta quinta-feira, em Brasília, o ex-procurador Virgílio Oliveira Filho, que está afastado do cargo por decisão judicial. As investigações sugerem que ele teria recebido R$ 11,9 milhões de empresas ligadas a associações investigadas por descontos irregulares em benefícios previdenciários.
Fonte por: Jovem Pan
Autor(a):
Redação
Responsável pela produção, revisão e publicação de matérias jornalísticas no portal, com foco em qualidade editorial, veracidade das informações e atualizações em tempo real.