Norte do Rio pode se tornar uma Detroit sem regulação, alerta CEO da Petrobras
Magda Chambriard alerta que aumento de royalties à União, aprovado no Congresso, pode afetar revitalização da Bacia de Campos.
Magda Chambriard critica apoio político à mudança nos royalties da Petrobras
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, classificou como um erro o apoio de políticos fluminenses à alteração do preço do petróleo para o cálculo dos royalties, aprovada recentemente no Congresso. Essa mudança ocorre em um contexto de preços baixos da commodity e altos custos na indústria, o que pode impactar negativamente a empresa.
A alteração do Preço de Referência do petróleo foi incluída na Medida Provisória 1.304, que já recebeu aprovação do Congresso Nacional. Esse preço é fundamental para o cálculo dos royalties e da Participação Especial que são pagos à União. Caso o presidente Lula não vete a medida, os repasses ao governo poderão aumentar significativamente.
Impactos financeiros e projetos da Petrobras
Para a Petrobras, o aumento do Preço de Referência do petróleo pode afetar diretamente suas finanças, resultando em um aumento nos pagamentos de royalties e Participação Especial. Isso pode comprometer a viabilidade econômica de projetos, especialmente aqueles com menor rentabilidade, como os campos maduros e em terra.
Em entrevista, Magda revelou que o próximo Plano de Negócios da companhia, que abrange o período de 2026 a 2030, irá adiar os planos de revitalização da Bacia de Campos e de Sergipe Águas Profundas para após 2030. Ela enfatizou a necessidade de um entendimento regulatório para evitar que o Norte Fluminense enfrente uma situação semelhante à de Detroit, que sofreu uma falência significativa.
Instabilidade jurídica e previsões de mercado
A executiva destacou a instabilidade jurídica que a mudança pode causar na indústria, uma vez que o Preço de Referência foi ajustado há menos de seis meses pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), após um longo processo de discussão e consultas públicas. Se o preço do petróleo cair para US$ 50 por barril, como é previsto por alguns analistas, a Petrobras poderá ser forçada a cancelar mais projetos.
Compromisso com a sociedade e comparação de preços
Magda reafirmou o compromisso da Petrobras com o bem-estar da sociedade e a sustentabilidade econômica da empresa. Ela destacou a redução dos preços dos combustíveis, que, em comparação a dezembro de 2022, apresentou quedas significativas: 36% no diesel, 22,5% na gasolina e 39% no querosene de aviação.
Além disso, a presidente comparou os preços praticados pela Petrobras com os de refinarias privatizadas durante o governo anterior, ressaltando que a estatal tem mantido preços mais baixos sem comprometer sua saúde financeira. Magda criticou a ideia de que a venda de refinarias levaria a uma redução de preços, afirmando que a desverticalização do mercado resultou em aumento de custos.
Fonte por: Estadao
Autor(a):
Redação
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