Contratos de Trabalho dos Professores no Brasil
Um em cada três professores brasileiros não possui contratos permanentes nas escolas onde atuam. A maioria está em cargos substitutos ou temporários, que frequentemente têm duração inferior a um ano. Esses dados foram revelados pela Talis (Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem) 2024, divulgada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em 6 de outubro de 2025.
A pesquisa, que envolveu entrevistas com professores e diretores, foca principalmente nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º) e compara a situação educacional em 53 países. A íntegra da pesquisa pode ser acessada em formato PDF.
Comparação com Outros Países
Os resultados indicam que, no Brasil, 64% dos professores têm contratos permanentes, enquanto a média entre os países da OCDE é de 81%. Essa porcentagem no Brasil caiu 16 pontos percentuais em 2024 em comparação com a pesquisa anterior, realizada em 2018.
Contratos permanentes oferecem maior segurança aos professores, o que impacta positivamente no ensino. A pesquisa destaca que a estabilidade no emprego é um fator crucial para os docentes, pois contratos temporários geram insegurança e podem prejudicar o desempenho no trabalho.
O Brasil ocupa a 5ª posição entre os países com menor percentual de professores com contratos permanentes, superando apenas Xangai (33%), Emirados Árabes Unidos (34%), Bahrein (55%) e Costa Rica (56%). Em contraste, Dinamarca, Letônia e França apresentam quase 100% de contratos permanentes.
Satisfação dos Professores com Salários e Condições de Trabalho
De acordo com a pesquisa, apenas 22% dos professores brasileiros estão satisfeitos com seus salários, um aumento de 4 pontos percentuais desde 2018, mas ainda abaixo da média da OCDE, que é de 39%. O Brasil ocupa a 5ª pior posição nesse aspecto, à frente apenas de Malta, Portugal, Islândia e Turquia.
Além disso, ao considerar outros fatores do contrato, como benefícios e carga horária, o Brasil também se destaca negativamente, ocupando a 3ª pior posição. A satisfação com as condições de trabalho caiu de 52% em 2018 para 44% em 2024, enquanto a média da OCDE é de 68%.
O relatório revela que, em países como Áustria, Bulgária e Colômbia, mais de 80% dos professores estão satisfeitos com suas condições de trabalho, enquanto menos de 40% compartilham essa satisfação no Japão e em Portugal, que estão acima do Brasil nesse ranking.
A pesquisa Talis enfatiza que a remuneração é fundamental para atrair e reter professores, garantindo que suas carreiras sejam financeiramente sustentáveis e competitivas em relação a outras profissões.
A Talis foi realizada no Brasil pela quarta vez, entre junho e julho de 2024, com a coordenação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a colaboração das secretarias de Educação das 27 Unidades Federativas.
Fonte por: Poder 360