Reflexões sobre a Tragédia no Flamengo
Como torcedor do Flamengo, é importante ressaltar que este texto não é uma crítica ao clube, mas sim uma reflexão sobre a impunidade que se seguiu à tragédia que resultou na morte de dez jovens atletas. Seis anos após o ocorrido, ninguém foi responsabilizado, o que gera indignação e um chamado à reflexão no meio jurídico.
A Paixão e a Responsabilidade
Ser flamenguista é viver a grandiosidade de uma instituição que representa identidade e superação. No entanto, é fundamental separar o amor pelo clube da necessidade de buscar justiça quando vidas são perdidas sob sua responsabilidade. Defender o Flamengo implica exigir que sua história não se confunda com a omissão de quem falhou em proteger vidas.
A Tragédia e a Falta de Responsabilização
Na madrugada que alterou o curso do futebol brasileiro, dez jovens sonhadores perderam a vida em um incêndio que expôs falhas de gestão e segurança. O processo judicial que se seguiu foi longo, mas culminou na conclusão de que não havia provas suficientes para responsabilizar indivíduos. Isso levanta questões sobre a eficácia do sistema jurídico em lidar com falhas de gestão.
O Silêncio e Seus Efeitos
O que está em jogo transcende o futebol; é a mensagem que o sistema jurídico envia ao não punir responsáveis por tragédias dessa magnitude. Em um contexto onde a governança corporativa é cada vez mais relevante, é alarmante que uma instituição tão grande tenha enfrentado uma tragédia sem que as responsabilidades fossem claramente atribuídas.
A Necessidade de Aprendizado e Resposta
A ausência de punição não elimina a necessidade de respostas. Cada tragédia sem responsabilização enfraquece a confiança na Justiça e perpetua a ideia de que a dor alheia pode ser esquecida. O Direito deve servir para organizar responsabilidades e evitar que erros se repitam, transformando tragédias em aprendizado.
Indignação como Amor
Ser torcedor é vibrar, mas também sentir vergonha quando vidas se perdem sem que haja consequências. Amar o Flamengo significa desejar que a instituição aprenda com seus erros e estabeleça padrões de responsabilidade. Enfrentar a verdade é o único caminho para honrar a memória dos jovens e preservar a essência do clube.
Justiça e Consciência Coletiva
A decisão judicial é técnica, mas a verdadeira Justiça é um ato de consciência coletiva. Quando não há responsabilização, a própria ideia de Justiça é colocada em questão. O país que aceita a impunidade de jovens sob a tutela de uma instituição poderosa perpetua desigualdades e omissões que podem ser fatais.
Construindo um Novo Legado
O legado da tragédia não deve ser o silêncio, mas a construção de um novo padrão de responsabilidade:
- Tratar clubes como empresas, com governança e accountability;
- Estabelecer atribuições claras para gestores;
- Implementar auditorias e fiscalizações obrigatórias;
- Criar programas de compliance que incluam segurança e infraestrutura adequadas.
Por Eles
Embora nada traga os dez meninos de volta, é crucial preservar a ideia de que a Justiça existe para proteger vidas. Como flamenguista, sinto indignação; como cidadão, sinto vergonha; e como advogado, reconheço que a falta de responsabilização é uma falha coletiva. A tragédia do Ninho do Urubu não é apenas do Flamengo, mas de um Brasil que deve decidir se quer continuar sendo o país das tragédias sem culpados ou se está disposto a responsabilizar os que erram para proteger os que sonham.
Fonte por: Jovem Pan