ONU adverte que IA pode aumentar desigualdade global entre nações

Relatório da ONU sobre Inteligência Artificial e Desigualdade

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório nesta terça-feira (2 de dezembro de 2025) alertando que a inteligência artificial (IA) pode aumentar a desigualdade entre países ricos e pobres, caso não sejam implementados mecanismos internacionais de regulação e transferência de tecnologia. O estudo, realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), destaca a necessidade urgente de ações para evitar uma nova divisão global.

Desafios para Países em Desenvolvimento

O documento aponta que países com infraestrutura digital avançada, centros de pesquisa e capital para inovação tendem a acelerar seu progresso, enquanto nações em desenvolvimento podem enfrentar uma “desvantagem estrutural permanente”. O relatório enfatiza que a concentração do acesso à IA em economias desenvolvidas e grandes empresas de tecnologia pode resultar em uma divisão ainda mais acentuada do que a observada durante a revolução digital dos anos 1990.

Concentração de Poder Tecnológico

A ONU destaca que a IA avança rapidamente e está “altamente concentrada” em países com tecnologia de ponta, o que gera assimetrias econômicas e políticas. Essa situação limita a capacidade dos países mais pobres de competir em setores estratégicos, como:

• indústria de alta complexidade;
• defesa e segurança;
• saúde e biotecnologia;
• agricultura avançada;
• pesquisa científica.

Além disso, o fortalecimento das grandes empresas de tecnologia aumenta a dependência global, dificultando a autonomia dos países em desenvolvimento.

Consequências da Exclusão Tecnológica

O acesso restrito à IA pode levar economias emergentes a enfrentar sérios desafios, como:

• perda de competitividade industrial;
• exclusão de cadeias globais de valor;
• aumento do desemprego estrutural;
• menor capacidade de formular políticas públicas baseadas em dados;
• dependência de tecnologias estrangeiras em setores essenciais.

A ONU alerta que a incapacidade de desenvolver ou adaptar sistemas de IA coloca esses países em uma posição vulnerável nas próximas décadas.

Impactos Sociais e Econômicos da IA

Embora o relatório preveja um aumento na produtividade global, os benefícios tendem a ser distribuídos de forma desigual. Nações de alta renda devem absorver a maior parte do valor gerado, enquanto países mais pobres podem se restringir ao consumo de tecnologia, sem participar efetivamente da criação de riqueza.

A ausência de IA em serviços públicos pode acentuar desigualdades internas, especialmente em áreas como:

• educação;
• saúde;
• mobilidade;
• segurança;
• gestão climática.

Propostas para Governança Global da IA

A ONU recomenda a criação de marcos internacionais de governança que incluam:

• compartilhamento tecnológico;
• investimentos em infraestrutura digital;
• regras para evitar a concentração corporativa;
• mecanismos de financiamento para países com baixa capacidade de inovação;
• padrões éticos e de segurança.

Para a organização, é fundamental que a comunidade internacional atue para evitar que a IA se torne um “multiplicador de desigualdades”. O relatório enfatiza que o mundo está em um “momento decisivo”, onde as decisões políticas determinarão se a tecnologia contribuirá para a redução ou ampliação das disparidades existentes.

Sem uma coordenação global, a inteligência artificial pode intensificar disputas geopolíticas, dificultar o desenvolvimento sustentável e aprofundar lacunas históricas.

Fonte por: Poder 360