Preço da carne bovina continuará elevado no Brasil, aponta especialista
Felipe Fabbri aponta que pecuaristas já contavam com a expectativa de diversificar destinos devido à desaceleração do comércio no segundo semestre.

A elevação dos preços da carne bovina no Brasil persiste, apesar das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o que diminui o envio da carne para os EUA e elevaria a oferta no Brasil, derrubando os preços, se o país não contasse com outros mercados.
Os Estados Unidos costumam adquirir menos carne bovina do Brasil no segundo semestre devido ao fato de, conforme o analista de mercado e da cadeia de produção animal Felipe Fabbri da Scot Consultoria, esse período marca o alcance do limite das cotas de produtos que o país pode exportar com tarifas reduzidas, levando os norte-americanos a interromperem suas compras e retomam no primeiro semestre do ano seguinte.
Independente da questão do tarifação, a percepção é de um mercado mais comprador e com preços também elevados, com preços firmes frente à mínima que o tarifação impôs, disse em entrevista ao Poder360.
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Fabbri afirma que o Brasil estabelece uma reserva tarifária de 4% para um volume determinado de carne. Após atingida essa cota, a tarifa aumenta para cerca de 25%, o que leva o mercado norte-americano a procurar outras opções. Assim, o mercado brasileiro planeja diversificar as exportações do produto no segundo semestre.
A procura para os próximos meses, independentemente das compras dos Estados Unidos, já está planejada. Outros compradores atuam de forma mais ativa em termos de volume de carne brasileira nesta época do ano. Nesse contexto, pode ser um fator diluído em relação à pressão vinda do norte americano.
Contratos de preço fixo
Para Fabbri, os produtores podem firmar contratos de preço mínimo da arroba do boi gordo para “se proteger”.
O contrato de preço mínimo é um mecanismo de política agrícola destinado a proteger o produtor rural das flutuações do mercado. Nesse sistema, o governo define um valor de referência, que representa o patamar mínimo de garantia.
Se o preço praticado no mercado estiver abaixo desse patamar, o produtor não é obrigado a vender com prejuízo: ele pode negociar sua produção com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) pelo preço mínimo definido ou receber do governo a diferença entre o valor de mercado e o piso estabelecido, por exemplo.
Descartes
O especialista aponta que os criadores de gado não devem ampliar o abate de matrizes, pois percebem que os preços dos bezerros estão favoráveis neste ano e se preparam para a fase de reprodução do rebanho, visando a produção de mais filhotes.
Acreditamos que essa situação deve impulsionar o produtor. O preço do bezerro já subiu em torno de 30% no Brasil e, considerando essa elevação, entendemos que o pecuarista deve adiar o descarte das matrizes, em vez de eliminá-las, mesmo diante do contexto com os Estados Unidos.
Fonte por: Poder 360