Presidente do Sindnapi opta por silêncio durante CPI do INSS
Milton Baptista não responde sobre finanças do sindicato durante sessão que coincide com operação da PF contra fraudes do INSS.
Silêncio do Presidente do Sindnapi em Sessão da CPMI do INSS
Na última quinta-feira, 9 de outubro de 2025, Milton Baptista de Souza Filho, presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical), optou por não responder à maioria das perguntas durante a sessão da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS. Amparado por um habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal), ele não fez uma apresentação inicial sobre as atividades do sindicato, ao contrário de outros convidados.
Questionamentos da Comissão
Durante a oitiva, o relator da comissão, deputado Antonio Gaspar (PL-SP), buscou informações básicas sobre a presidência de Milton no Sindnapi, a estrutura do sindicato e as empresas nas quais ele e sua esposa, Daugliesi Gracomasi Souza, são sócios. Em diversas ocasiões, Milton respondeu apenas: “Permanecerei em silêncio.” Após insistência dos congressistas, ele concordou em responder perguntas que não fossem consideradas incriminatórias, como o tempo que ocupa o cargo de presidente.
Operação da Polícia Federal
A oitiva ocorreu no mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes em descontos indevidos em benefícios previdenciários do INSS. Foram cumpridos 66 mandados de busca e apreensão em sete estados e no Distrito Federal, incluindo o Sindnapi, cuja vice-presidência é ocupada por José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A PF investiga crimes como inserção de dados falsos e organização criminosa, embora Frei Chico não esteja entre os investigados.
O sindicato expressou surpresa com a operação e afirmou que seus advogados ainda não tiveram acesso ao inquérito policial, repudiando qualquer alegação de prática de delitos ou descontos indevidos.
Falta de Respostas sobre a Operação
Milton não comentou sobre a operação e não confirmou se agentes da PF estiveram no sindicato, nem quantos endereços foram alvos. Ele também se manteve em silêncio sobre possíveis visitas da PF a Frei Chico e Tonia Galetti, diretora jurídica do Sindnapi. Além disso, não forneceu detalhes sobre as empresas das quais é sócio ou sobre a participação de sua esposa em alguma empresa, e não explicou o organograma do sindicato ou o valor da arrecadação da entidade.
O relator destacou que Milton não respondeu se fez parte do sindicato entre 2015 e 2020 e não justificou o aumento significativo na arrecadação nos últimos anos. Questionado sobre os serviços prestados pelo Sindnapi, limitou-se a dizer: “Vou ficar em silêncio.”
Aumento na Arrecadação do Sindnapi
De acordo com a CGU (Controladoria-Geral da União), o Sindnapi arrecadou R$ 599,2 milhões entre 2015 e 2025, posicionando-se entre os três sindicatos com maior volume de descontos em benefícios previdenciários, totalizando 26,4 milhões de descontos no período. A auditoria revelou que 96,8% dos beneficiários não reconheceram os descontos, o que pode indicar fraudes.
O relator observou que, desde a chegada de Milton à presidência, a arrecadação do sindicato cresceu de R$ 24 milhões em 2020 para R$ 51 milhões em 2021. Em 2022, a arrecadação subiu para R$ 93,6 milhões e, em 2023, alcançou R$ 151,9 milhões. Apesar das perguntas sobre as razões desse aumento e a metodologia de gestão adotada, o sindicalista preferiu não responder.
Fonte por: Poder 360
