Rascunho da COP exclui plano para abandonar combustíveis fósseis
Versão divulgada na madrugada de sexta-feira (21) compila as principais controvérsias das negociações climáticas.
Atualizações na COP30 após incêndio em Belém
Após o incêndio ocorrido na quinta-feira (20), que interrompeu as negociações da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30), a presidência da conferência divulgou uma nova versão do rascunho do documento final na madrugada de sexta-feira (21). Essa nova versão não menciona a criação do “mapa do caminho” para a eliminação do uso de combustíveis fósseis.
Intitulado “Decisão Mutirão”, o documento foi publicado às 3h da manhã e aborda as principais controvérsias das negociações climáticas. A ausência de um roteiro para a transição energética frustra ambientalistas, que esperam avanços significativos na luta contra o aquecimento global.
Falta de apoio para a transição energética
O “mapa do caminho” contava com o apoio de aproximadamente 80 países, conforme relatórios de organizações da sociedade civil. Essa demanda foi destacada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Cúpula de Líderes que precedeu a COP30. O secretário-geral da ONU, António Guterres, também defendeu essa proposta em seu discurso na véspera do evento.
Entre os países que apoiam essa iniciativa estão Alemanha e Reino Unido. No entanto, nações produtoras de petróleo resistem à criação desse roteiro. Na COP28, realizada em Dubai, foi firmado um acordo que propôs pela primeira vez a “transição em direção ao fim dos combustíveis fósseis”, mas sem um plano claro para essa mudança.
Reação de países à nova versão do documento
Logo após a conclusão do rascunho, um grupo de países enviou uma carta à presidência da COP30, manifestando que não aceitarão um documento que não inclua o mapa do caminho. Eles afirmam que “não podemos apoiar um resultado que não inclua o roteiro de implementação de uma transição justa, ordenada e equitativa para longe dos combustíveis fósseis”.
Entre os signatários da carta estão Colômbia, Alemanha, Ilhas Marshall e Vanuatu, sendo que as duas últimas são ilhas do Oceano Pacífico ameaçadas pelo aumento do nível do mar, um dos efeitos da crise climática.
Desafios enfrentados pelos ambientalistas
Ambientalistas criticam que, apesar do apoio de alguns líderes a uma agenda climática, muitos ainda autorizam novas atividades que emitem gases de efeito estufa no setor energético. Um exemplo é a licença concedida para a exploração de petróleo na Margem Equatorial da Foz do Rio Amazonas, pelo Brasil.
O governo Lula defende que há segurança técnica para essa exploração e argumenta que os lucros do petróleo serão utilizados para financiar a transição verde nos próximos anos.
Expectativas para o futuro das negociações
A COP30 demonstrou um apoio crescente a um roteiro para a eliminação dos combustíveis fósseis, e a expectativa é que o resultado em Belém inclua essa proposta para garantir a rápida redução do uso de petróleo, gás e carvão. A diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, ressalta que “relatórios e mais negociações não são suficientes; precisamos de um plano de resposta global”.
Além disso, a ausência de um mapa para acabar com o desmatamento, outra fonte significativa de emissões de gases de efeito estufa, é uma preocupação expressa por especialistas e ativistas.
Negociações devem se estender pelo fim de semana
O incêndio na quinta-feira causou tumulto e interrompeu as negociações em Belém, mas o espaço onde ocorrem as reuniões foi reaberto às 20h40. As sessões plenárias devem ser retomadas nesta sexta-feira.
Embora o término oficial da conferência estivesse previsto para hoje, há expectativas de que as negociações se estendam pelo fim de semana, como ocorreu em cúpulas anteriores, que se encerraram no sábado ou até mesmo no domingo.
Fonte por: Jovem Pan
Autor(a):
Redação
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