TCU sinaliza preocupação com frustração de receitas e risco fiscal da União

Relatório do 4º bimestre de 2025 aponta déficit primário e superestimação de receitas, afetando as metas fiscais.

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Na imagem, sessão ordinário no plenário do TCU (Tribunal de Contas da União)

Na imagem, sessão ordinário no plenário do TCU (Tribunal de Contas da União)

Relatório do TCU Revela Desafios Fiscais da União

O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou, na segunda-feira (8 de dezembro de 2025), um relatório sobre a execução orçamentária e financeira da União referente ao 4º bimestre de 2025. O documento aponta para a frustração contínua das receitas, um déficit primário superior ao esperado e riscos associados à exclusão da Telebras do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social.

Desempenho da Arrecadação e Déficit Primário

De acordo com o relatório, a arrecadação de “outras receitas” e de “concessões e permissões” ficou R$ 19,7 bilhões abaixo das previsões. Além disso, a receita obtida com o leilão de Acordos de Individualização e Produção (AIPs) de campos de petróleo arrecadou R$ 8,8 bilhões, valor inferior ao mínimo esperado de R$ 10,2 bilhões.

O déficit primário, após compensações, alcançou R$ 30,19 bilhões, ultrapassando a banda inferior de tolerância da meta fiscal. O presidente do TCU, Vital do Rêgo, destacou que a repetida frustração das receitas é “vexatória para o país”, comprometendo a credibilidade do planejamento fiscal e demandando maior rigor nas projeções.

Necessidade de Rigor nas Projeções Fiscais

O relatório enfatiza a importância de um planejamento orçamentário mais realista para manter a credibilidade das projeções fiscais da União. Desde 2024, com a implementação do novo arcabouço fiscal, a meta para o resultado primário do governo federal passou a ser zero, com uma margem de tolerância de até 0,25% do PIB.

O ministro do TCU, Benjamin Zymler, recomendou alertas ao Poder Executivo e à Comissão Mista de Orçamento, além de sugerir que receitas de leilões e concessões sejam incluídas nas estimativas apenas quando houver garantias de cronogramas e análises técnicas adequadas.

Leilão de AIP e Preocupações do TCU

Na véspera do leilão, o TCU autorizou a realização do evento, mas expressou preocupações sobre a governança do processo. O ministro Bruno Dantas ressaltou a falta de uma “análise robusta” que justificasse a antecipação das receitas da União, afirmando que a decisão do governo foi motivada por uma “urgência fiscal”.

O Tribunal concluiu que suspender o leilão poderia gerar “impactos fiscais negativos” e prejudicar a confiança dos investidores, que já estavam preparados para o processo. O TCU também solicitou ao Ministério de Minas e Energia a elaboração de estudos comparativos para avaliar alternativas de financiamento e alertou sobre os riscos de previsões orçamentárias baseadas em receitas incertas.

Este foi o primeiro leilão em que o governo antecipou a venda de volumes de petróleo da União em jazidas produtivas, que excedem os limites dos contratos de partilha e concessão anteriores.

Fonte por: Poder 360

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