Trump não conseguirá distanciar a América do Sul da China

Presidentes pró-Trump reconhecem a importância das relações econômicas com Pequim

14/12/2025 19:40

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(Imagem de reprodução da internet).

Nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA e sua Influência na América Latina

A nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos representa uma mudança significativa na abordagem de Washington em relação à América Latina. Após 35 anos de relações cooperativas, a administração de Donald Trump retoma a lógica da Doutrina Monroe, tratando a região como uma esfera de influência americana, o que historicamente justificou intervenções políticas e militares.

Interferência nas Eleições da Região

Com Trump na presidência, a expectativa é que essa nova abordagem se torne a norma. Isso inclui tentativas abertas de influenciar eleições, como demonstrado recentemente na Argentina e em Honduras. Antes das eleições argentinas, Trump ofereceu US$ 20 bilhões para estabilizar a economia, condicionando o apoio a um bom desempenho de Javier Milei. Em Honduras, ele apoiou o candidato conservador Nasry Asfura, ameaçando reduzir o apoio americano caso outro candidato fosse eleito.

A presença militar dos EUA no Caribe e a pressão para derrubar regimes na Venezuela, Cuba e possivelmente na Nicarágua também parecem ser permanentes sob essa nova estratégia.

Visão Internacional de Trump

Essa mudança reflete uma visão de ordem internacional que difere da dos governos anteriores, que priorizavam o multilateralismo e a rivalidade com a China. Trump adota uma perspectiva do século XIX, focando em esferas de influência e acomodação entre potências. Curiosamente, a China é mencionada de forma discreta na nova estratégia, embora suas atividades na América do Sul sejam uma preocupação crescente para Washington.

Desafios da Estratégia Americana

A ambição dos EUA de manter as Américas livres de controle estrangeiro e garantir acesso a locais estratégicos colide com a presença chinesa em setores como portos, energia e telecomunicações. A China se tornou uma parceira central na região, e muitos líderes latino-americanos reconhecem que cortar laços econômicos com Pequim não é do interesse nacional.

Até mesmo Jair Bolsonaro, aliado de Trump, resistiu a pressões para excluir a Huawei, e Javier Milei, apesar de seu discurso anti-China, adotou uma postura pragmática. O mesmo pode ocorrer com José Antonio Kast, potencial próximo presidente do Chile.

Conclusão: Desafios para a Supremacia Americana

A estratégia americana enfrenta desafios significativos. A abordagem coercitiva carece de incentivos positivos, como acordos de livre comércio ou pacotes de investimento que poderiam persuadir líderes regionais a se afastar da China. Além disso, a falta de empresas americanas ou europeias em setores estratégicos dificulta a substituição das chinesas.

No entanto, o México e partes da América Central apresentam uma exceção, onde os EUA têm maior influência devido à interdependência econômica. A restauração da “supremacia americana” na América Latina será uma tarefa complexa, especialmente se a pressão de Washington levar os países a diversificar suas parcerias e buscar engajamento com outras potências.

Fonte por: Estadao

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