Vídeo da Felca expõe irregularidades na regulação das redes
Discussões sobre “adultização” reuniram inicialmente esquerda e direita; os desdobramentos recentes reacenderam divisões políticas.

Inicialmente, a publicação do vídeo que envolvia a “sexualização” de Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, obteve críticas e elogios de diferentes setores da sociedade. Posteriormente, os desdobramentos do debate reacenderam as divergências entre os grupos políticos. A principal discordância reside na definição das medidas a serem adotadas para prevenir a exploração sexual de crianças, tema centralizado no material exibido pelo youtuber em 6 de agosto de 2025.
Alguns setores de esquerda apontam para a remoção de plataformas digitais de conteúdos que atraem pedófilos como evidência da necessidade de uma regulação rígida das redes. Por outro lado, grupos de direita afirmam que o caso de Felca é uma “cortina de fumaça” para “censurar” a internet, defendendo soluções ligadas ao endurecimento penal contra a exploração infantil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comunicou, em entrevista à BandNews, que encaminhará ao Congresso uma proposta de regulamentação das redes sociais direcionada a jovens e crianças. Em junho, o STF já estabeleceu a responsabilidade das plataformas em relação ao conteúdo, com normas que entrarão em vigor após a publicação oficial da decisão, prevista para setembro.
Na terça-feira anterior (12.ago), a primeira-dama Jana Lula da Silva defendeu a regulamentação das redes sociais, em razão do vídeo de Felca. Um estudo da empresa de dados Nexus indicou que a hashtag “regulamentação é proteção” alcançou mais de 130 mil menções no X, ocupando a oitava posição nos Trending Topics nesta quarta-feira (13.ago).
Iniciativas de parlamentares com posições de esquerda e centro-esquerda seguiram a linha da regulamentação. O deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) manifestou apoio à regulamentação. “As grandes empresas de tecnologia não podem mandar no Brasil. A lei que vale na conversa tem que valer no celular também”, disse Boulos em sua conta no X. A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) apresentou um projeto de lei que proíbe as plataformas de monetizarem vídeos em que crianças aparecem.
Oposição questiona motivações.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) inicialmente apoiou o vídeo do youtuber. Em seu perfil no X na sexta-feira (8.ago), o congressista declarou: “Deus abençoe ele [Felca] nessa jornada. Não será fácil”. Já na terça-feira (12.ago), Nikolas passou a caracterizar o caso como estratégia governamental. “Nunca foi pelas crianças. Estamos atentos e todos saberão da verdade”, disse em outra publicação.
O deputado propôs uma lei que visa à prevenção e ao combate à exposição indevida, à adultação, à exploração sexual e a outros crimes contra crianças e adolescentes na internet.
O impulso para endurecer a legislação contra aqueles que exploram crianças é evidente nas propostas de políticos de direita, sem responsabilização das plataformas. A deputada Coronel Fernanda (PL-MT) propôs um projeto que “regulamenta a criminalização da adultização infantil na internet”. O deputado Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) busca “tipificar as condutas de exploração sexual implícita, exposição sexualizada e adultização forçada de crianças e adolescentes em plataformas digitais, ampliando o conceito para além das condutas explícitas atualmente previstas”.
A relatora da Minoria na Câmara, Caroline de Toni (PL-SC), afirmou que partidos da base do governo buscam utilizar a mobilização popular sobre o tema para aprovar a “censura” nas redes. “É mais uma cortina de fumaça porque eles querem se aproveitar, não porque estão preocupados com a inocência das nossas crianças, com a sexualização precoce das crianças, mas porque querem, sim, silenciar a direita”, declarou.
Fonte por: Poder 360